Biovert inicia projeto de recuperação ambiental no Canal de Marapendi; entenda etapas

Atualizado em 29/01/20

A Biovert, em parceria com a SOS Lagoas, iniciou em meados de Setembro de 2019 um projeto de recuperação ambiental às margens do Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca. A iniciativa, custeada por meio de compensações ambientais, é um projeto da Prefeitura do Rio de Janeiro, ligado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), financiado por meio de recursos privados oriundos das compensações ambientais de empresas instaladas no município do RJ e tem o objetivo principal de revitalizar o local substituindo a flora exótica invasora por vegetação nativa. Esse trabalho de substituição de exóticas, cabe ressaltar, é uma diretriz do Plano Diretor de Arborização Urbana da Cidade do Rio de Janeiro.

O trabalho será realizado em etapas. A Biovert é a responsável pelo projeto ambiental e cabe à SOS Lagoas a promoção de informações à população por meio da educação ambiental e aclaração do procedimento ambiental que se inicia. Palestras junto à comunidade e ações de educação ambiental irão acompanhar a realização do trabalho, em busca de total transparência e respeito à comunidade, que ainda contará com placas informativas distribuídas pelo canal.

O CANAL DE MARAPENDI

Atualmente, a região do Canal de Marapendi pode ser caracterizada pelo predomínio de espécies arbóreas exóticas, junto com o descarte de lixo doméstico em suas margens.

COMO IRÁ FUNCIONAR ESTE TRABALHO?

ETAPA 1 – Inventário de Flora e Inventário de Fauna (Status: finalizado)

A Biovert iniciou o inventário de flora e fauna nas margens do canal. Este trabalho consiste em visitas da equipe de engenheiros florestais e biólogos ao local para identificação e catalogação de espécies de flora e fauna identificadas na área a ser recuperada. Para a correta execução de um serviço de inventário, são realizadas marcações em árvores, com lacres de cor vermelha contendo uma marcação. Isto significa que cada árvore marcada foi analisada e identificada pela equipe.

De posse dos registros, é realizado um relatório a ser entregue ao órgão ambiental, permitindo que, com base nesse diagnóstico, possam se definir as ações que serão desenvolvidas, com detalhamento das espécies exóticas invasoras que serão substituídas por espécies nativas.

Além disso, respaldados na experiência ambiental já consolidada da Biovert, realizaremos estudos e análises preliminares acerca de espécies botânicas atrativas à fauna no entorno, para que sua introdução favoreça o fluxo gênico entre áreas de remanescentes florestais e a biodiversidade local. Isso permitirá que sejam atraídas para o Canal de Marapendi espécies faunísticas nativas que atualmente não encontram alimentos no local, portanto, não são identificadas na região, sejam elas pássaros, mamíferos, insetos e outras.

Material elaborado pela Prefeitura do Rio apresenta o resultado do inventário arbóreo realizado pela Biovert na área.
Material elaborado pela Prefeitura do Rio sinaliza espécies identificadas pela Biovert durante inventário faunístico do local.
ETAPA 2 – Limpeza das margens do Canal para retirada de lixo (Status: a realizar)

Por meio do uso de embarcação, será removido o lixo das margens e dos raizeiros das árvores. Há lixo em quantidade alarmante na área. Também atuaremos na remoção das ervas de passarinho, um parasita que compromete o estado fitossanitário das árvores e presente em alguns exemplares no local. As árvores tomadas por erva de passarinho e galhos secos sofrerão uma poda de limpeza para retirada de ambos.

O lixo recolhido será ensacado em bags próprios e levado para as lixeiras disponibilizadas ao longo da calçada/ciclovia, para posterior descarte.

Lixo às margens do Canal de Marapendi registrado durante vistoria. O cenário é este em grande parte da extensão do Canal.
ETAPA 3 – Poda das árvores que se encontram em situação de risco de queda no Canal e na Ciclovia, visando garantir a segurança do trânsito de pessoas e embarcações (Status: a realizar)

Inicialmente, essa etapa começará pela parte interna do Canal de Marapendi, já que algumas ações, ali, são mais urgentes. Alguns exemplares arbóreos apresentam risco de queda para dentro do Canal, podendo atingir as embarcações que por ali navegam. O mesmo se aplica às ciclovias, já que algumas árvores estão perigosamente posicionadas na direção dessa área e com risco de queda.

As árvores que se encontram inclinadas para dentro da área navegável do Canal serão podadas, com o intuito de liberar e melhorar as condições de navegabilidade das embarcações.  Já as árvores pendentes com comprometimento radicular sofrerão poda para diminuir o risco de queda das mesmas.

Árvore com risco de queda em área navegável do Canal de Marapendi, registrada durante vistoria no local
ETAPA 4 – Substituição de algumas espécies exóticas invasoras por espécies nativas (Status: a realizar)

Esta fase, nas margens externas do canal, está prevista para ter início no final do verão de 2020. Ela consiste na substituição de algumas espécies exóticas invasoras de pequeno, médio e grande porte – devidamente requeridas e autorizadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) – posteriormente à avaliação do inventário florestal, já descrito acima e correspondente à etapa 1.

Em sequência, realizaremos a limpeza do local, destoca de raizeiros, abertura de berços de plantio e adubação para preparar o local ao recebimento de mudas nativas adequadas à restauração ambiental da área. Como ação preventiva a essa etapa, as colmeias identificadas como de risco para população, serão previamente remanejadas para que não haja ataque aos transeuntes.

Todo o material proveniente dessas podas será devidamente recolhido, carregado em caminhão baú/caçamba e levado para ser descartado ou recolhido pela COMLURB.

Será entregue um relatório técnico de implantação contendo, entre outras informações, todas as espécies utilizadas no local, com seu georreferenciamento e registro fotográfico.

A RESTAURAÇÃO FLORESTAL DO CANAL DE MARAPENDI

A restauração florestal a partir da substituição das espécies arbóreas exóticas consiste na reabilitação de uma determinada área através do plantio de espécies nativas, com o objetivo final de reconstituir e garantir a manutenção da biodiversidade local e dos processos a ela associados, tais como ciclagem de nutrientes, ciclo da água, ciclo do carbono, entre outros.

A utilização de espécies nativas de diferentes grupos ecológicos, adaptadas à região, favorecerá a manutenção de processos ecológicos importantes para a qualidade de habitat, propiciando a dispersão de sementes e a polinização. Como resultado final, é esperada a atração de espécies de fauna nativa à região do canal.

QUAL SERÁ A ÁREA DE ALCANCE DO PROJETO?

A área na qual serão concentradas as atividades está subdividida em trechos de 1 a 7, contemplando as duas margens do Canal de Marapendi, com exceção do trecho 1 que contempla apenas a margem esquerda. A distribuição segue a figura abaixo.

Trechos dos canais nos quais serão realizadas as atividades propostas distribuídos pela Avenida Mário Veiga de Almeida, Avenida Grande Canal e pela Avenida Pref. Dulcídio Cardoso.

HAVERÁ SUPRESSÃO DE ÁRVORES?

Sim, mas cabe a explicação a seguir: a substituição de árvores pressupõe a remoção de espécies exóticas e o plantio de novas árvores (nativas e compatíveis como fonte de alimentação e abrigo à fauna que se deseja atrair). A execução de substituições será feita apenas mediante determinação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), que receberá um inventário florestal de todas as árvores da área e irá determinar o que deverá ser realizado com as exóticas invasoras localizadas na área.

Cabe esclarecer, ainda, que temos hoje três grandes fatores para perda de Biodiversidade: o desmatamento, a expansão urbana (legal e criminosa) e as espécies exóticas invasoras (já explicamos neste post e neste também o que são espécies exóticas invasoras). A substituição de espécies exóticas é muito importante para manutenção da biodiversidade e equilíbrio do ecossistema local.

 Diz o novo Código Florestal (L12.651/12):

O Código Florestal, em seu artigo 3º, indica o procedimento acerca de espécies exóticas invasoras; “erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas”.

 A substituição de espécies exóticas invasoras é um projeto muito antigo na Secretaria de Meio Ambiente, que, agora, acenou com o comprometimento de atuar para que esse problema seja, finalmente, atacado. O primeiro passo para que isso ocorra é o Inventário de Flora e Fauna. De posse desse documento o órgão poderá saber com precisão as espécies de fauna e flora presentes no local. A partir dessa informação, haverá um encaminhamento a Secretaria de Meio Ambiente para que se possa elaborar o projeto de substituição dessas espécies por outras que sejam nativas, típicas da região e que sejam aptas para o local.

Uma vez feito isso, será elaborado um cronograma  físico de como o serviços de substituição será conduzido, sendo que todas esses informações serão repassadas aos condomínios, associações e a Câmara Comunitária, garantindo transparência e inclusão ao processo. 

ESTE PROCEDIMENTO É LEGAL?

Placa da Prefeitura do Rio indicando o projeto em curso no Canal de Marapendi. Placa referente à etapa 1.

Sim, conforme licenças concedidas pelo órgão ambiental do município e autorização de manejo, devidamente descritas em processos de compensação ambiental.

O objetivo é que com esse trabalho possamos garantir, como preconiza  o Artigo 225 da Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

    § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

        I –  preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

        II –  preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

MATERIAL DE INTERESSE PÚBLICO

Clique aqui para acessar o material apresentado em reunião com a Associação de Moradores no dia 28/01/20, em parceria com a SOS Lagoas.

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