Floresta dos Atletas, compromisso assumido nos Jogos de 2016 não é cumprido

Transcrição na íntegra de reportagem publicada no site do Jornal Extra no dia 19/08/2018 acerca das mudas da Floresta dos Atletas. Reportagem: Carol Knoploch | Foto: Bárbara Lopes – Agência O Globo

Disponível em: https://extra.globo.com/esporte/floresta-dos-atletas-compromisso-assumido-nos-jogos-de-2016-nao-cumprido-22991798.html

 

Floresta dos Atletas, compromisso assumido nos Jogos de 2016 não é cumprido

 

A promessa do Comitê Rio-2016 de plantar a “Floresta dos Atletas”, no Parque Radical, em Deodoro, não avançou, mesmo com o compromisso assumido diante de 2,5 bilhões de pessoas que assistiram, ao vivo, a transmissão da cerimônia de abertura.

Na ocasião, as cerca de 13.500 mudas, de 207 espécies da Mata Atlântica, algumas ameaçadas de extinção (como pau-brasil e cedro), foram depositadas em totens que, no centro do Maracanã, formaram os arcos olímpicos verdes. A ideia era plantar a floresta em agosto de 2017, ao custo de R$ 3,1 milhões, e mostrá-la desenvolvida, com flores e frutos, na cerimônia de abertura dos Jogos de Tóquio, em 2020.

Agora já não dá mais para ser floresta. Ainda assim, Marcelo Carvalho, diretor da Biovert Engenharia Ambiental e Florestal, responsável por cuidar das mudas, quer evitar um vexame internacional.

— Nem calculo mais o prejuízo ou o gasto para mantê-la. Já saí desta seara. Quero apenas plantá-la — lamenta Carvalho, que não recebeu nenhum tostão pelo trabalho iniciado antes mesmo dos Jogos, quando elaborou a pesquisa das sementes, colheita dos frutos e retirada das mesmas. — Não posso largar as mudas. Lá na frente vão dizer que a culpa é minha. Tenho de ir até o fim.

Por isso, e mesmo sem perspectiva de plantio, Carvalho vai trocando as mudas de vaso para acompanhar o crescimento lento em um viveiro em Silva Jardim, no Estado do Rio . Algumas já chegaram a 1,80 metro:

— Daqui a pouco vou levar uma árvore para replantar.

Comitê se esquiva

O Tribunal de Contas da União chegou a abrir processo há um ano e determinou que o Comitê Rio-2016 apresentasse um plano de ação, com a ciência da Prefeitura. O acórdão, porém, foi objeto de recurso, e está suspenso. Na última quarta-feira, em reunião no TCU, o secretário de Controle Externo no Estado do Rio, Márcio Pacheco, sugeriu que a floresta fosse incluída no plano de legado de Deodoro, que até hoje não está concluído. Esta proposta será analisada pelo Ministério do Esporte.

O problema é que a Biovert não tem contrato assinado com o Rio-2016. E Ricardo Trade, diretor executivo do comitê desde junho, alega que este projeto não foi um compromisso assumido, e que não irá realizá-lo.

Como o “início” da floresta fez parte da cerimônia de abertura, mas se trata de um legado para a cidade, o TCU entende que também é responsabilidade da Prefeitura e da União.

— Não temos nada assinado e, mais do que isso, não tenho recurso. Legados são compromissos de governo e do Comitê Olímpico Internacional — afirma Trade.

A Prefeitura informou que também não poderia arcar com este custo e que seus técnicos não encontraram solução para executar a obra. Uma medida compensatória está sendo estudada.

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